segunda-feira, 23 de julho de 2012

CONTINUAÇÃO TRANSPORTES.


TRANSPORTE MARÍTIMO DE PETRÓLEO

Introdução:
Após a última grande guerra, quando foi registrado um aumento da demanda mundial de derivados de petróleo, ocorreu uma expansão da frota mundial de petroleiros assim como um aumento no porte dos mesmos, passando da ordem de 20.000 toneladas para portes em torno de 200.000 toneladas nos meados da década de 70 (Neiva, 1986).
Por volta de previsões demonstravam claramente um crescimento da frota de petroleiros reforçado pelas importações americanas. No entanto, ocorreu uma repentina inversão devido às previsões indicando queda no consumo de petróleo e à localização de novos produtores próximos aos países consumidores. A situação gradualmente gerou um excedente de petroleiros cujo pico ocorreu em 1978 com um total de 140.000.000t fora de serviço. Com a segunda crise do petróleo a situação melhorou um pouco, reduzindo para 120.000.000t fora de serviço.
Embora houvesse um fortalecimento do crescimento da frota de navios de grande porte
beneficiado pelo declínio da produção dos países não integrantes da OPEP e da volta do
Oriente Médio como principal área de suprimento de petróleo, o uso de petroleiros de
menor porte foi sustentado por três fatores: primeiro, pelo aumento do comércio de
produtos finais; segundo, pela nova capacidade de produção localizada em áreas mais
próximas aos mercados consumidores; e pelo fato destes petroleiros serem capazes de
ancorar em um grande número de portos convencionais, incrementando o potencial para
atendimento da alta demanda dos países em desenvolvimento (Masseron, 1990). 
O transporte de petróleo e derivados pode ser efetuado através do modal marítimo (navegação), utilizando-se para tal, navios tanque conhecidos como petroleiros, com abastecimentos através de dutos submarinos instalados no leito marinho.

Estrutura do transporte marítimo brasileiro

Caracterização da frota de petroleiros: Contando que quase todo o óleo a ser processado, seja ele importado ou produzido em campos nacionais, é deslocado até as refinarias por navios, e que grande parte dos produtos refinados voltam aos navios para serem distribuídos pelos portos nacionais e internacionais, os petroleiros exercem um importante elo na cadeia produtiva e comercial da indústria do petróleo.
A FRONAPE, que foi criada em 1950, subordinada ao Conselho Nacional do Petróleo (CNP), tendo por objetivo principal transportar produtos petrolíferos no país e no exterior, podendo também exercer a armazenagem dos produtos. Na ocasião, recebeu 22 navios tanques que totalizavam 224 mil tpb. 
Uma parte do transporte de óleo, no entanto, é realizada por navios afretados que
transportam cerca de 140 milhões de toneladas por ano. Alguns navios são contratados para
realizar apenas uma viagem enquanto que outros são alugados, em geral por um ano, para
realizar o número de viagens que o contratante desejar. Não há uma frota fixa de navios
afretados e estes navios não atuam em uma rota específica, embora alguns
atuem em determinada região devido à característica da carga.
Até 1950, o transporte de óleo no Brasil era quase que integralmente feito por navios
estrangeiros. Em 13 de março de 1949, entrou em vigor a Lei nº 650 que abriu crédito para compra de petroleiros totalizando 180.000 toneladas. Com a aquisição do navio Presidente Dutra (16.200 toneladas), tem-se a inserção do Brasil no transporte marítimo de óleo.
 A empresa foi absorvida pela Petróleo Brasileiro S/A – PETROBRAS, criada em 1953 pela
Lei nº 2004, com o intuito de exercer as atividades referentes ao monopólio estatal do
petróleo. A PETROBRAS desenvolveu uma sistemática de transporte para atender às suas
necessidades implementando sistemas de dutos, sistemas de armazenamento e a frota de
navios para navegação de cabotagem e longo curso.
Em 1973, começou a navegar o primeiro grande petroleiro da FRONAPE, o VLCC (Very
Large Crude oil Carrier) José Bonifácio. Posteriormente foram adquiridos outros seis:
Vidal Negreiros, Cairu, Henrique Dias, Felipe Camarão, José do Patrocínio e Barão de
Mauá,segundo(FRONAPE, 2003). 
Os VLCCs foram os maiores navios já construídos no Brasil e tiveram grande importância
para o crescimento da FRONAPE quando, durante a crise do petróleo, atendiam à
necessidade de navios de grande porte para a navegação de longo curso.
Em atendimento a Lei nº 9.478 de 1997 surge a TRANSPETRO, subsidiária da Petrobrás,
com a incumbência de operar e construir dutos, terminais marítimos e embarcações para
transporte de óleo e gás natural (Brasil Energia, 2000). A FRONAPE passou a ser a
unidade de transporte marítimo da TRANSPETRO. A transferência da frota de navios
iniciou em 2001, sendo concluída em 2002 (Jornal da TRANSPETRO, 2002).
A FRONAPE é a maior transportadora de petróleo do hemisfério Sul e uma das maiores do
Mundo. A frota atual conta com 51 navios.

Terminais marítimos são instalações portuárias adequadas às operações de transferência
de carga dos navios para terra e vice-versa ou entre navios, sendo, portanto, importantes
agentes na cadeia logística do transporte de óleo.
O transporte aquaviário no Brasil é pouco utilizado, se comparado ao potencial de navegação do país. Apesar de possuir uma boa quantidade de rios e uma extensa costa para nevegação de cabotagem, não há hidrovias, terminais aquaviários com capacidade disponível e tampouco embarcações suficientes para viabilizar um aumento nas movimentação de cargas por este modal. No entanto, as novas descobertas de petróleo e as boas perspectivas vem impulsionando a indústria naval brasileira.
O transporte marítimo é o modal mais utilizado em viagens de longo curso tendo em vista a
quantidade de carga transportada, que geralmente envolvem operações aduaneiras, seja para a importação ou para a exportação de bens ou produtos. Neste ramo de negócio, há várias entidades que se relacionam entre si e defendem interesses difusos.
Armador: é o proprietário da embarcação. Tem como objetivo maximizar a
rentabilidade do seu ativo. É o responsável pela administração técnica do navio
e por prover a tripulação do mesmo, fornecer bens de consumo requeridos para
a execução da viagem, combustível, manutenção adequada e demais insumos
que se fizerem necessários.Atualmente muitos bancos têm assumido o papel de
armadores;
Fretador: é o cedente do navio, que nem sempre é o armador. Uma empresa
que possui capacidade ociosa de transporte pode também ceder uma
embarcação por um período de tempo dentro do limite contratual estabelecido,
prática de mercado chamada de charter out. Tem o interesse em manter a
embarcação contratada o maior tempo possível;
Afretador: é aquele que contrata a embarcação para a realização do transporte.
Pode ser ou não o proprietário da carga. Tem o interesse em transportar a carga
de um porto de origem a um de destino com o menor custo possível. Tem
também o interesse de otimizar a utilização do recurso;
Embarcador: é o proprietário da carga. Tem o interesse no transporte da carga
desde a origem até o destino na data previamente acordada. O embarcador
pode se confundir com o afretador conforme o contrato de transporte e a carga
transportada;
Broker: é o corretor de navios, aquele que representa o armador ou o
embarcador em uma negociação de contrato de transporte.  O Broker recebe uma comissão que geralmente incide sobre o aluguel do navio ou valor do contrato;
Agente Marítimo: é aquele que representa os interesses do armador no porto,
responsável por prover os insumos e suprimentos necessários para o navio prosseguir viagem.
O instrumento que regula as relações entre os agente supramencionados é o contrato de
Afretamento, que é o meio pelo qual se transfere os direitos de exploração econômica de uma embarcação. O contrato de afretamento define papéis e responsabilidades de cada agente durante a vigência do mesmo.
As principais modalidades utilizadas atualmente no mercado internacional são:
Afretamento a casco nu ou Bareboat: o afretador contrata a embarcação por
tempo determinado, tendo para si a posse sobre o navio. Fica resguardado ao
afretador o direito de designar o comandante e tripulação. O navio é entregue
ao afretador e este toma todas as providências necessárias para o
gerenciamento do navio. O afretador precisa manter uma estrutura para atender
às exigências de operação da embarcação;
Afretamento por tempo ou TCP (Time Charter Party): o afretador não tem a
posse sobre o recurso, recebendo-o tripulado, em condições de explorar sua
finalidade comercial. A embarcação fica à disposição do afretador para se
deslocar conforme as instruções do contratante;
Afretamento por viagem ou VCP (Voyage Charter Party): o afretador contrata
os serviços de transporte para movimentar uma carga de um porto a outro.
Nesta modalidade está previsto o pagamento ou desconto de demurrage
(sobreestadia) em caso de performance de operação inferior aos parâmetros
estipulados em contrato, equacionados a posteriori mediante acordo entre as
partes;
Contrato de Afretamento ou COA (Contract of Affreightment): o afretador e o
fretador acordam um valor unitário a ser pago pela quantidade transportada, tal
qual uma tarifa de transporte. Esta modalidade permite ao armador otimizar
sua frota, haja vista que não há um objeto definido, ou seja, não há vínculo
entre a carga e o navio que realizará o transporte. 
Independente da modalidade contratual deve existir compatibilidade entre o navio e o
terminal, seja de carga ou de descarga, sob a condição de inviabilizar a operação. Desta
forma, requer-se o agrupamento de navios segundo seu porte, definido em função da
capacidade de carregamento, também conhecida por Tonelagem de Porte Produto (TPB),
expressa em toneladas.

Riscos do transporte marítimo de petróleo e derivados:
De uma maneira geral, as atividades relacionadas ao petróleo e seus derivados assim como
outras atividades industriais são passíveis de acidentes apresentando riscos de natureza e
potencialidade distintas. O risco potencial de uma atividade pode ser definido como uma resultante da combinação entre o evento, a probabilidade de ocorrência e as possíveis conseqüências.Por mais que seja feito todo um esforço na tentativa de exclusão dos riscos de determinada atividade, há sempre uma parcela que não é eliminada, caracterizando, assim, um resíduo do risco. 
De acordo com Oliveira (1993) “tem-se um risco ambiental quando a combinação de
circunstâncias de um ou mais processos em andamento possibilitam a ocorrência de eventos geradores de conseqüências ambientais adversas”. No caso do transporte de petróleo e derivados, enquanto o produto transportado permanecer sob controle não entrando em contato com o ambiente, faz-se presente a condição de risco ambiental potencial. 
A quantificação dos níveis de risco do transporte marítimo pode ser estimada com base nas
estatísticas de acidentes que permitem a identificação da evolução dos níveis de segurança
na atividade global, da diferenciação da segurança nos diversos tipos de navios, tamanho
dos navios, idade.Dentre os riscos inerentes ao transporte de petróleo e derivados via navegação marítima encontram-se os acidentes com derrame para o mar. As conseqüências dos riscos desta atividade são maiores em decorrência do volume e tipo de carga transportada. No entanto, vale a ressalva de Oliveira (1993) de que as conseqüências estão diretamente relacionadas à combinação de uma série de fatores inerentes ao meio ambiente atingido e ao risco propriamente dito. As rotas as quais os navios percorrem apresentam trechos que são considerados de maior risco durante a passagem de um navio, tais como o canal de entrada de um porto, os canais de navegação, os fundeadouros, as áreas de exploração de petróleo. 

 
Preocupação com o meio ambiente:

Em 1954, a IMO (International Maritime Organization - agência especializada da ONU
para assuntos marítimos) já aprovava sua primeira Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por Óleo – OILPOL, posteriormente MARPOL. Desde então, outras
convenções foram aprovadas (Araújo, 2002).  
O acidente com o navio Torrey Canyon, em 1967, que provocou o vazamento de 119.000t
de petróleo bruto atingindo a costa sudoeste da Inglaterra e a costa norte da França (White,
2000), evidenciou a ameaça ao meio ambiente com o aumento do tráfego e porte dos
navios. Mediante a gravidade da situação, a IMO com o intuito de prevenir a poluição
acidental e operacional, preconizou ações que culminaram em acordos internacionais,
destacando-se a Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por Navios –
que ficou posteriormente conhecida como MARPOL inclui regulamentações referentes à subdivisão e estabilidade projetadas para assegurar que, em qualquer condição de carga, o navio possa resistir após ter sofrido uma colisão ou naufrágio. Uma das medidas implementadas foi o posicionamento dos tanques de lastro segregado1 onde se espera o maior impacto durante uma colisão ou naufrágio reduzindo, desta forma, a quantidade de carga derramada. 
A introdução da MARPOL, no entanto, não foi suficiente para impedir que novas catástrofes ambientais, como o acidente com o navio Exxon Valdez em 1989 no Alaska, viessem a ocorrer. Após o referido acidente, foi formulado, por parte dos Estados Unidos, o Oil Pollution Act de 1990– prescrevendo o casco duplo para os petroleiros construídos a partir de então e um cronograma de retirada da ativa dos navios de casco simples.
 
Conclusões:

Percebe-se que boa parte das bases de distribuição está fundamentada na utilização de ferrovias e dutos, modais mais adequados para transferências de grandes volumes.
Ocorrem faltas destes modais no Centro-Oeste e Norte do País para a realização de transferências entre bases ou entre refinarias-bases. Numa empresa de petróleo integrada, caracterizada pelo alto grau de verticalização, e pelo fluxo contínuo de produtos e, principalmente, pelo transporte marítimo, a previsibilidade da demanda por transporte permite identificar as oportunidades e ameaças futuras com maior antecedência e lucrar com isso.
Assim, é de se esperar que deficiências na infra-estrutura de transportes gerassem grandes impactos na logística de combustíveis, bem como nos seus respectivos preços.
É claro também, que nenhum outro produto pode afetar tanto a inflação como os combustíveis, pois está presente nos custos de transportes de todas as mercadorias movimentadas pelo modal rodoviário muito utilizado no país.
O mercado de fretes varia conforme a demanda, que está relacionada com a renovação da frota mundial, em substituição aos recursos obsoletos.
Acredito que como foi discutido em sala de aula, temos carências de mais literatura nacional na área logística, portanto, temos que buscar nos aprimorar melhor neste campo, que se faz presente em muito do nosso cotidiano, fortalecendo a logística para que seja bem planejada, e com ótimas estratégias, eliminando os gargalos existentes.
Com o aumento da produção de petróleo, a tendência para os próximos anos será com os investimentos feitos por parcerias entre empresas privadas e o governo, trazer auto-suficiência e grande expansão da infra-estrutura logística brasileira para alavancar o desenvolvimento do nosso Gigante emergente, Brasil.

Referências:

SILVA, PRISCILA REIS DA                 
Transporte Marítimo de Petróleo e Derivados na Costa Brasileira:
Estrutura e Implicações Ambientais
[Rio de Janeiro] 2004

Castro, Carlos Alberto A. de Sousa
Infra-estrutura logística: modal dutoviário.
GRUPO DE SUPPLY CHAIN – IBPSC
2007


Sites:

WWW.nicomex.com
www.tnpetroleo.com.br
www.abepro.org.br
www.petrobras.com.br
www.brasilenergia.com.br
www.anp.gov.br

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